sexta-feira, 8 de abril de 2016

Crônica a partir de exercício 

de observação de pessoas: 

Me Seguindo?

Eu estava na av. Paulista, tinha acabado de sair da casa do meu 

filho, Antônio. De repente me deparo com um menino e seu pai me 

seguindo. No começo achei normal , mas o menino tinha um caderno 

na mão e ficava fazendo anotações. Entrei no metrô, eles também 

entraram. Eu parei, eles desceram , um homem qualquer me ajudou a 

descer com as malas e quem eu vejo lá em baixo?! Os dois! Pai e filho 

lá embaixo, ignorei. 

Passei pela catraca, eles também passaram, entrei no metrô, 

eles também. Ficavam conversando entre eles e me olhando, o filho 

não parava de fazer anotações. Quando chegou na minha estação, eu 

desci, eles também! 

Nesta hora pensei: “Definitivamente estão me seguindo, o que 

eles querem de mim?! O que vão fazer?!” Vão até a escada rolante 

comigo e antes de subir dou meia volta. “Pronto! Despistei eles, ufa!” 

O resto da viagem foi ótimo, peguei o outro metrô e cheguei na 

rodoviária a tempo de pegar meu ônibus e voltar para o Rio de 

Janeiro.

Ronald McDonald´s

Crônica a partir do jornal: 

Ronald McDonald´s

       Coloquei aquela roupa vermelha e amarela que comprei no 

mercado livre, a peruca vermelha e enrolada que demorei duas horas 

para achar na 25 de Março lotada. No meu rosto, aquela maquiagem 

pesada de palhaço, mas com aquele tom sombrio, assustador e triste, 

bem feia mesmo. A maquiagem que arrumei com várias pessoas 

diferentes e o que elas não tinham comprei em uma farmácia do lado 

de casa. 

       Estava morrendo de calor, mas tinha que protestar contra o Mc 

Donald’s. Quando cheguei na av. Paulista com aquela fantasia de 

Ronald McDonald bizarro não encontrei ninguém. 

Fiquei desesperado, era naquele lugar que o grupo do 

Facebook tinha combinado. Comecei a pensar em todas as 

possibilidades, “o que aconteceu?”  “O que eu faço???”. Até que 

encontrei uma solução para tudo aquilo: “o grupo do Face deve ter 

postado algo sobre mudança de local ou horário”. 

Enquanto todos me olhavam desconfiados, coloquei minha mão 

no bolso quente daquela fantasia chamativa para pegar meu celular e 

checar o grupo do Facebook. Lembrei que meu celular não acessava a 

internet e eu só poderia entrar no Face pelo meu computador, que 

naquele momento estava muito longe de mim, na minha casa.

       Comecei a correr desesperadamente pela Avenida, procurando 

a manifestação, com aquela peruca vermelha balançando, quase 

pulando da minha cabeça, com dificuldade por causa dos sapatos 

enormes, também adquiridos na 25 de Março, suando muito por 

causa da roupa quente e fazendo com que a maquiagem ficasse 

completamente borrada.

       Nada. Desisti, entrei no metrô mais próximo para ir direto para 

casa, frustrado e, então, quando estava prestes a atravessar a catraca 

quase chorando, avistei do outro lado uma pessoa com peruca 

vermelha, roupa amarela e vermelha, sapatos gigantes e uma 

maquiagem parecida com a minha antes de ser totalmente borrada.

        Acenei com a mão direita, ele acenou de volta, atravessou a 

catraca e perguntou: “E aí? Onde é que tá a manifestação?” Abracei o 

sujeito igual a mim e disse que não tinha a menor ideia, contei a 

história inteira e então ele pegou o celular dele, que tinha 4G, ou 3G, e 

entrou no Facebook. Vimos que a manifestação tinha mudado para 

frente do Mc Donald’s e então fomos para lá com as fantasias 

desconfortáveis por causa do calor e a esse ponto com as duas 

maquiagens borradas. Protestamos muito, com tambores, rimas e 

teve uma hora que até entramos no estabelecimento da rede de fast 

food para falar mal da comida e dizer o que realmente os clientes 

estavam comendo. Quando acabou, voltei para casa me arrastando 

com aquela fantasia pesada e quente.